Espondiloartrose: Entenda o Que É, Causas, Sintomas e Tratamento

Você já sentiu uma dor persistente nas costas, acompanhada de rigidez, especialmente ao se levantar pela manhã? Esses podem ser sinais de espondiloartrose, uma condição comum que afeta a coluna vertebral. Muitas pessoas experimentam esse desgaste articular ao longo da vida, mas nem todas entendem exatamente o que é, suas causas e como gerenciá-la. Neste artigo, vamos explorar em profundidade a espondiloartrose, oferecendo um guia completo para que você compreenda melhor essa condição e as opções disponíveis para viver com mais conforto e qualidade de vida.
O Que É Espondiloartrose?
A espondiloartrose, também conhecida como artrose da coluna vertebral ou espondilose, é uma doença degenerativa e progressiva que se caracteriza pelo desgaste das articulações da coluna. O termo é uma junção de “espondilo” (vértebra), “artro” (articulação) e “ose” (degeneração), indicando claramente que se trata de uma degeneração das vértebras e das articulações que as conectam .
Este desgaste pode afetar diversas estruturas da coluna, como os discos intervertebrais (responsáveis pelo amortecimento), as próprias vértebras e as articulações facetárias (também chamadas de interapofisárias), que são pequenas articulações sinoviais que permitem o movimento entre as vértebras . Em casos mais avançados, pode levar à formação de osteófitos, popularmente conhecidos como “bicos de papagaio” .
Artrose x Espondiloartrose: Qual a Diferença?
A artrose é um termo geral para o desgaste da cartilagem em qualquer articulação do corpo. A espondiloartrose é, portanto, uma forma específica de artrose que ocorre exclusivamente na coluna vertebral . Ou seja, toda espondiloartrose é uma artrose, mas nem toda artrose é uma espondiloartrose.
Onde Ocorre?
A espondiloartrose pode manifestar-se em qualquer segmento da coluna, mas é mais frequente nas regiões de maior mobilidade e que suportam mais carga:
- Espondiloartrose Lombar
- Espondiloartrose Cervical
- Espondiloartrose Dorsal (Torácica)
A região lombar é a mais afetada, pois suporta a maior parte do peso corporal e permite grande flexibilidade . A região cervical (pescoço) é a segunda mais comum .
Causas e Fatores de Risco
A espondiloartrose resulta de uma combinação de fatores, sendo o envelhecimento natural a causa mais prevalente . Com o tempo, as estruturas da coluna desgastam-se, perdendo a capacidade de amortecimento e flexibilidade . No entanto, outros fatores podem acelerar ou agravar esse processo:
Envelhecimento Natural
É o principal fator. Com o avançar da idade, os discos intervertebrais perdem água e elasticidade, e as cartilagens das articulações facetárias se degeneram . Aproximadamente 60% das pessoas com mais de 40 anos já apresentam algum grau de artrose na coluna lombar, embora nem sempre com sintomas .
Genética
A predisposição familiar pode aumentar o risco de desenvolver a condição precocemente .
Traumas e Lesões
Lesões prévias, fraturas ou traumas na coluna podem acelerar o processo degenerativo .
Má Postura e Sedentarismo
Posturas inadequadas mantidas por longos períodos e a falta de atividade física enfraquecem a musculatura de suporte da coluna, aumentando a sobrecarga nas articulações .
Obesidade e Sobrepeso
O excesso de peso corporal sobrecarrega a coluna vertebral, especialmente a região lombar, contribuindo para o desgaste .
Atividades Físicas de Alto Impacto ou Repetitivas
Profissões que exigem movimentos repetitivos, levantamento de peso ou longos períodos em pé/sentado podem aumentar o risco .
Outras Condições
Doenças inflamatórias (como espondilite anquilosante), osteoporose e tabagismo também são fatores de risco .
Sintomas Comuns
Os sintomas da espondiloartrose variam conforme a localização e a gravidade do desgaste, mas os mais frequentes incluem :
Dor
É o sintoma mais comum, podendo ser localizada na coluna (lombar, cervical, dorsal), nas nádegas, coxas ou irradiar para braços e pernas (dor ciática), especialmente se houver compressão nervosa . A dor pode piorar com o movimento, esforço ou ao ficar muito tempo na mesma posição .
Rigidez
Sensação de coluna “travada”, especialmente pela manhã ou após períodos de repouso, com melhora gradual após alguns movimentos .
Limitação de Movimento
Dificuldade em realizar movimentos de flexão, extensão ou rotação do tronco ou pescoço .
Sintomas Neurológicos
Em casos de compressão nervosa ou da medula espinhal, podem ocorrer formigamento, dormência, sensação de choque, fraqueza muscular nos membros, ou até tonturas e zumbidos (se afetar a coluna cervical) .
Diagnóstico: Como é Feito?
O diagnóstico da espondiloartrose é realizado por um médico (ortopedista, neurologista ou clínico geral) e envolve :
Anamnese e Exame Físico
O médico colherá o histórico do paciente, suas queixas, características da dor e realizará manobras para avaliar a mobilidade da coluna, sensibilidade, força muscular e presença de reflexos .
Exames de Imagem
São essenciais para confirmar o desgaste e avaliar a extensão do problema :
- Raio-X (Radiografia): útil para visualizar alterações ósseas, como osteófitos (bicos de papagaio), e avaliar o alinhamento da coluna .
- Ressonância Magnética (RM): o exame mais detalhado, capaz de mostrar discos, nervos, ligamentos, musculatura e cartilagem, auxiliando na identificação de compressões nervosas ou degeneração discal .
- Tomografia Computadorizada (TC): oferece detalhes da estrutura óssea, útil para visualizar osteófitos e o canal vertebral .
Tratamento: Alívio e Qualidade de Vida
É fundamental entender que a espondiloartrose não tem cura, pois o desgaste articular é um processo progressivo . Contudo, o tratamento visa, principalmente, aliviar os sintomas, controlar a progressão da doença e, acima de tudo, melhorar a qualidade de vida do paciente .
Medidas Não Farmacológicas
- Fisioterapia: É um dos pilares do tratamento. Inclui exercícios para fortalecer a musculatura do tronco e abdômen (core), melhorar a postura, aumentar a flexibilidade e aliviar a dor .
- Exercícios Físicos: Atividades de baixo impacto, como caminhada, natação, Pilates e Yoga, são recomendadas para manter a mobilidade e fortalecer a musculatura .
- Controle de Peso: Reduzir o peso corporal diminui significativamente a carga sobre a coluna, aliviando a dor e a progressão do desgaste .
- Ajustes Posturais e Ergonômicos: Adoção de posturas corretas no dia a dia e adaptações ergonômicas no trabalho ou em casa são cruciais .
- Terapias Complementares: Calor/frio, massagens e acupuntura podem oferecer alívio sintomático .
Medicamentos
Utilizados para gerenciar a dor e a inflamação, sob prescrição médica :
- Analgésicos (Paracetamol, Tramadol): para alívio da dor .
- Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs): para reduzir inflamação e dor, mas com cautela, especialmente em idosos devido a efeitos colaterais .
- Relaxantes Musculares: para combater espasmos e contraturas musculares .
Procedimentos e Infiltrações
Em alguns casos, podem ser indicadas infiltrações (bloqueios) com corticosteróides ou anestésicos diretamente nas articulações afetadas para alívio da dor, permitindo maior adesão à fisioterapia . Procedimentos de radiofrequência também podem ser utilizados .
Cirurgia
É a última opção e reservada para casos graves, quando há falha do tratamento conservador, compressão significativa de nervos ou medula (radiculopatias, mielopatia), estenose do canal vertebral ou instabilidade da coluna. A cirurgia pode envolver a descompressão das estruturas nervosas ou a artrodese (fusão) de segmentos da coluna para estabilizá-los .
Prevenção e Cuidados
Embora o envelhecimento seja inevitável, é possível adotar medidas para prevenir ou retardar o desenvolvimento e a progressão da espondiloartrose :
- Mantenha um Peso Saudável: Reduza a sobrecarga na coluna.
- Pratique Exercícios Regularmente: Fortaleça a musculatura do abdômen e das costas, melhore a flexibilidade e a postura.
- Cuide da Postura: Seja ao sentar, levantar ou carregar objetos. Evite ficar muito tempo na mesma posição .
- Evite o Tabagismo: O cigarro acelera a degeneração dos discos intervertebrais .
- Procure um Profissional: Em caso de dor persistente ou desconforto na coluna, busque avaliação médica para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.
Conclusão
A espondiloartrose é uma condição crônica e degenerativa que afeta a coluna vertebral, mas não precisa ser uma sentença de dor e limitação. Com o diagnóstico correto e um plano de tratamento multidisciplinar — que pode incluir fisioterapia, medicamentos, mudanças no estilo de vida e, em casos específicos, procedimentos ou cirurgia — é possível controlar os sintomas, retardar a progressão da doença e manter uma vida ativa e plena. Lembre-se: o cuidado precoce e a adesão ao tratamento são fundamentais para preservar a saúde da sua coluna e garantir sua qualidade de vida.
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