Dor no Tornozelo: O Que Pode Ser e Como Lidar

A dor no tornozelo é uma queixa comum que pode afetar pessoas de todas as idades, desde atletas até indivíduos com um estilo de vida mais sedentário. Por ser uma articulação complexa, composta por ossos, músculos, ligamentos, tendões e nervos, o tornozelo está suscetível a uma vasta gama de problemas. Entender as possíveis causas da dor é o primeiro passo para um tratamento eficaz e para restaurar a qualidade de vida. Neste artigo, exploraremos as condições mais frequentes que podem levar à dor no tornozelo, seus sintomas, como são diagnosticadas e as abordagens de tratamento.
Principais Causas da Dor no Tornozelo
1. Entorses e Lesões Ligamentares
A entorse de tornozelo é, sem dúvida, uma das causas mais comuns de dor e o problema que mais leva pacientes ao pronto-atendimento ortopédico. Ocorre quando o pé realiza um movimento anormal – virando para dentro ou para fora – causando o estiramento excessivo ou até a ruptura dos ligamentos que conectam os ossos da articulação. Isso pode acontecer ao pisar em um local irregular, praticar esportes de impacto ou até mesmo em um simples tropeço.
Sintomas:
- Dor súbita e intensa, geralmente na lateral do tornozelo.
- Inchaço e, por vezes, vermelhidão e hematomas na região afetada.
- Dificuldade para caminhar ou apoiar o pé no chão.
- Sensação de instabilidade ou falseio.
O diagnóstico é feito por um ortopedista com base na avaliação clínica e exames de imagem, como raio-X para descartar fraturas, e ressonância magnética para avaliar a extensão da lesão ligamentar. O tratamento inicial geralmente envolve repouso, gelo, compressão e elevação (método RICE). Em casos graves, a cirurgia pode ser necessária.
2. Fraturas no Tornozelo
Uma fratura no tornozelo é a quebra de um ou mais dos três ossos que compõem a articulação: tíbia, fíbula e tálus. Assim como as entorses, as fraturas podem ocorrer devido a quedas, acidentes ou durante a prática de esportes. As fraturas por estresse, pequenas rachaduras nos ossos, também são comuns em atletas de impacto.
Sintomas:
- Dor intensa no tornozelo ou pé.
- Inchaço e hematomas (coloração arroxeada).
- Dificuldade ou incapacidade de apoiar o pé no chão.
- Deformidade visível em casos mais graves.
O diagnóstico é feito através de exame físico, radiografias e, em alguns casos, tomografia computadorizada para um planejamento cirúrgico. O tratamento pode ser conservador (imobilização) ou cirúrgico, dependendo da gravidade.
3. Tendinites
A tendinite é a inflamação ou irritação de um tendão, os tecidos fibrosos que conectam os músculos aos ossos. No tornozelo, diversas tendinites podem ocorrer, como a do tendão de Aquiles (que conecta os músculos da panturrilha ao calcanhar), dos tendões peroneais e do tendão tibial posterior. Geralmente, são causadas por estresse excessivo, movimentos repetitivos, atividades físicas intensas ou o uso de calçados inadequados.
Sintomas:
- Dor persistente, aguda ou latejante na região do tornozelo, que piora com a atividade física e melhora com o repouso.
- Inchaço, sensibilidade ao toque e, por vezes, calor na área afetada.
- Rigidez na articulação, especialmente pela manhã ou após períodos de inatividade.
- Fraqueza muscular e dificuldade em movimentar o tornozelo.
O diagnóstico é clínico, podendo ser complementado por exames de imagem. O tratamento inclui repouso, aplicação de gelo, medicamentos anti-inflamatórios, fisioterapia para alongamento e fortalecimento, e em alguns casos, injeções.
4. Artrites (Osteoartrite e Artrite Reumatoide)
A artrite no tornozelo refere-se à inflamação das articulações, causando dor, rigidez e inchaço. A osteoartrite, ou artrose, é uma condição degenerativa comum que afeta a cartilagem das articulações, levando ao seu desgaste progressivo. Pode ser primária (sem causa conhecida, associada à idade) ou pós-traumática (resultante de lesões ou fraturas anteriores). Já a artrite reumatoide é uma doença autoimune que pode afetar múltiplas articulações, incluindo o tornozelo.
Sintomas:
- Dor no tornozelo que pode ser mais intensa após atividades físicas, períodos prolongados em pé, ou no final do dia.
- Rigidez articular, especialmente após repouso (rigidez matinal).
- Inchaço e diminuição da amplitude de movimento.
- Estalos ao movimentar a articulação em casos de artrite.
O diagnóstico é baseado nos sintomas, exame físico e exames de imagem como radiografias, ressonância magnética ou tomografia computadorizada. O tratamento visa reduzir a dor e melhorar a função, podendo incluir medicamentos (analgésicos, anti-inflamatórios), fisioterapia e, em casos mais graves, cirurgia.
5. Fascite Plantar
Embora a fascite plantar seja mais conhecida pela dor no calcanhar, ela também pode se manifestar como dor no tornozelo e na sola do pé. É uma inflamação da fáscia plantar, um tecido fibroso que se estende do calcanhar aos dedos e ajuda a absorver o choque. Fatores de risco incluem falta de alongamento, obesidade, atividades físicas de impacto, permanecer longos períodos em pé, uso de sapatos inadequados e pé chato ou cavo.
Sintomas:
- Dor na sola do pé e no calcanhar, frequentemente descrita como uma "pontada", pior nos primeiros passos da manhã ou após períodos de inatividade.
- Melhora progressiva com a caminhada, mas pode intensificar-se novamente no final do dia.
- Sensação de queimação na sola do pé.
O diagnóstico é principalmente clínico, e pode ser confirmado por exames de imagem como ultrassonografia ou ressonância magnética. O tratamento é frequentemente conservador e inclui alongamentos, uso de palmilhas ortopédicas, medicamentos anti-inflamatórios e, em alguns casos, terapia por ondas de choque.
6. Bursite no Tornozelo
A bursite é a inflamação de uma bursa, uma pequena bolsa cheia de líquido que atua como amortecedor entre ossos, tendões e músculos. No tornozelo, a bursite pode ocorrer em diversas regiões, como a bursa retrocalcânea (entre o tendão de Aquiles e o osso do calcanhar). As causas incluem atrito/irritação (uso de sapatos apertados), uso excessivo, lesões e doenças inflamatórias como gota ou artrite reumatoide.
Sintomas:
- Dor e rigidez que pioram com o movimento e, geralmente, à noite.
- Inchaço, sensibilidade ao toque e calor na área afetada.
- Dificuldade para caminhar ou usar calçados.
O diagnóstico é clínico, com radiografias para descartar fraturas. O tratamento foca em reduzir a inflamação e aliviar a dor, incluindo repouso, gelo, anti-inflamatórios, fisioterapia e, em casos persistentes, infiltração local ou cirurgia.
7. Neuropatias (Síndrome do Túnel do Tarso, Neuropatia de Baxter)
Neuropatias periféricas referem-se a danos ou disfunções nos nervos que conectam o cérebro e a medula espinhal ao restante do corpo. Na região do tornozelo e pé, condições como a Síndrome do Túnel do Tarso (compressão do nervo tibial posterior) e a Neuropatia de Baxter (afetando o nervo plantar que dá sensibilidade e movimento ao dedo mínimo) podem causar dor. As causas incluem compressões, traumas, diabetes, tumorações e até deficiências nutricionais.
Sintomas:
- Dor, dormência, formigamento ou sensação de queimação no tornozelo e pé, podendo irradiar para os dedos.
- Perda de sensibilidade e, em alguns casos, fraqueza muscular e dificuldade para caminhar.
- Dor e sensibilidade excessiva ao longo do nervo afetado.
O diagnóstico envolve exame físico e, frequentemente, eletroneuromiografia e exames de imagem para identificar a causa da compressão. O tratamento visa aliviar os sintomas e tratar a causa subjacente, podendo incluir fisioterapia, medicamentos, e em alguns casos, cirurgia para descompressão nervosa.
Quando Procurar Ajuda Médica
É fundamental buscar avaliação médica se você apresentar:
- Dor intensa ou que não melhora com repouso e medidas caseiras.
- Inchaço significativo, deformidade visível ou incapacidade de apoiar o pé.
- Formigamento, dormência ou fraqueza no pé e tornozelo.
- Febre ou sinais de infecção (vermelhidão intensa e calor excessivo).
Um diagnóstico precoce e preciso é crucial para um tratamento adequado e para evitar que a condição se torne crônica ou leve a complicações.
Conclusão
A dor no tornozelo pode ter múltiplas origens, desde lesões agudas até condições crônicas degenerativas. Compreender os sinais e sintomas associados a cada uma é essencial para identificar a causa e buscar o tratamento mais adequado. Lembre-se, a automedicação e o autodiagnóstico podem mascarar problemas mais sérios. Ao persistir a dor ou surgirem sintomas preocupantes, a consulta com um especialista em ortopedia é indispensável. Cuidar do seu tornozelo é garantir a sua mobilidade e bem-estar geral.
Leia Também

