O Que Significa Corrimento Marrom? Guia Completo e Quando Se Preocupar
O corrimento vaginal é uma parte natural e essencial do ciclo reprodutivo feminino, atuando na lubrificação, limpeza e proteção da saúde íntima. Embora geralmente seja claro ou esbranquiçado, suas características podem mudar ao longo do ciclo menstrual. Uma dessas variações que frequentemente gera preocupação é o corrimento marrom.
Mas, afinal, o que significa corrimento marrom? Em essência, essa coloração indica a presença de sangue antigo misturado ao muco vaginal. O sangue, quando leva mais tempo para ser expelido do corpo, oxida e adquire um tom mais escuro, variando de um marrom claro a um marrom escuro intenso. Na maioria dos casos, é uma condição benigna e temporária, mas em outras situações pode ser um sinal de alerta que exige atenção médica. Como especialista na área, meu objetivo é desmistificar esse sintoma, explicando suas causas, quando é normal e, principalmente, quando você deve procurar ajuda profissional.
O Que Causa o Corrimento Marrom?
As causas do corrimento marrom são diversas e podem variar conforme a fase do ciclo menstrual, uso de contraceptivos, gravidez e a presença de condições de saúde. Vamos explorar as mais comuns:
Causas Fisiológicas (Normais)- Início ou Fim da Menstruação: É a causa mais frequente. Nos primeiros dias ou no final do período menstrual, o fluxo pode ser mais lento, permitindo que o sangue oxide e se torne marrom antes de ser expelido. Isso é perfeitamente normal e não é motivo de preocupação.
- Ovulação: Algumas mulheres experimentam um leve sangramento (spotting) no meio do ciclo, durante a ovulação. Esse sangue pode se misturar ao corrimento vaginal e aparecer como marrom, geralmente em pequena quantidade e por poucos dias.
- Sangramento de Implantação (Gravidez Inicial): Nos primeiros dias da gravidez, quando o embrião se fixa na parede do útero (nidação), pode ocorrer um leve sangramento que se manifesta como corrimento marrom ou rosado. Geralmente é discreto, dura de 1 a 3 dias e não vem acompanhado de dor intensa.
- Alterações Hormonais: O uso de contraceptivos hormonais (pílulas, adesivos, anel vaginal, DIU hormonal) pode causar sangramentos de escape que resultam em corrimento marrom, especialmente ao iniciar, trocar ou esquecer de tomar a medicação. Flutuações hormonais naturais, como na perimenopausa, também podem ser um fator.
- Pós-Relação Sexual: A irritação do colo do útero ou da parede vaginal durante o sexo pode causar pequenos sangramentos, que se tornam corrimento marrom. Isso é mais comum em casos de secura vaginal ou quando há alguma sensibilidade na região.
- Estresse: Níveis elevados de estresse podem desequilibrar o sistema hormonal, levando a alterações no ciclo menstrual e, consequentemente, a sangramentos irregulares ou corrimento marrom.
- Infecções Vaginas e Doenças Sexualmente Transmissíveis (ISTs): Infecções como vaginose bacteriana, candidíase ou ISTs (gonorreia, clamídia, tricomoníase) podem causar irritação e sangramento do colo do útero ou da vagina, resultando em corrimento marrom. Geralmente, são acompanhadas de outros sintomas como mau cheiro, coceira, dor ao urinar ou durante o sexo.
- Pólipos ou Miomas Uterinos: São crescimentos benignos no útero ou colo do útero que podem causar sangramentos irregulares entre os períodos menstruais, manifestando-se como corrimento marrom.
- Endometriose e Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP): Condições como endometriose, onde o tecido uterino cresce fora do útero, ou SOP, que causa desequilíbrio hormonal e cistos nos ovários, podem levar a sangramentos irregulares e corrimento marrom.
- Doença Inflamatória Pélvica (DIP): Uma inflamação que afeta o útero, trompas e ovários, geralmente causada por ISTs não tratadas, e pode provocar corrimento marrom com mau cheiro, dor pélvica e febre.
- Gravidez Ectópica ou Aborto Espontâneo: Em casos de gravidez, o corrimento marrom, especialmente se acompanhado de dor abdominal intensa unilateral, tontura ou sangramento mais volumoso, pode ser um sinal de gravidez ectópica (fora do útero) ou aborto espontâneo. Ambas são emergências médicas.
- Câncer Ginecológico: Embora menos comum, o corrimento marrom, principalmente se persistente, irregular, pós-menopausa ou acompanhado de outros sintomas como dor pélvica e perda de peso inexplicada, pode ser um sintoma de câncer de colo do útero, endométrio ou ovário.
Quando Devo Procurar um Médico?
Apesar de muitas vezes ser inofensivo, é crucial estar atenta aos sinais que indicam a necessidade de uma avaliação médica. Procure um ginecologista se o corrimento marrom apresentar as seguintes características:
- Dura mais de 3 dias ou é persistente e recorrente.
- Vem acompanhado de mau cheiro, forte ou desagradável.
- Causa coceira, ardor, irritação ou vermelhidão na região genital.
- Está associado a dor abdominal, cólicas intensas, dor pélvica ou dor durante as relações sexuais.
- Ocorre após a menopausa, quando qualquer sangramento vaginal é um sinal de alerta.
- É acompanhado de febre, mal-estar geral, tonturas ou desmaios.
- Se você está grávida e o corrimento é intenso, prolongado ou vem com dor, procure atendimento médico imediatamente.
Diagnóstico e Tratamento
Ao procurar um ginecologista, o profissional realizará um exame físico, incluindo o exame pélvico, e pode solicitar exames complementares como ultrassonografia transvaginal, exames de sangue e urina, ou testes para infecções. O tratamento dependerá da causa subjacente: pode variar desde o ajuste hormonal (em caso de contraceptivos), uso de antibióticos ou antifúngicos (para infecções) até procedimentos cirúrgicos (para pólipos, miomas ou gravidez ectópica).
Conclusão
O corrimento marrom é um sintoma comum na vida de muitas mulheres e, na grande maioria das vezes, reflete apenas uma variação normal do ciclo menstrual. Contudo, é fundamental ouvir o próprio corpo e reconhecer quando há algo diferente. A observação atenta das características do corrimento (cor, cheiro, consistência, duração) e a presença de outros sintomas são cruciais para diferenciar uma situação benigna de um problema que exige intervenção médica. Nunca hesite em buscar a orientação de um ginecologista. A saúde da mulher é complexa e merece acompanhamento profissional para garantir bem-estar e tranquilidade.
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