Cardiopatia Grave para o INSS: O Que Você Precisa Saber

Receber o diagnóstico de uma doença cardíaca pode trazer muitas preocupações, não apenas com a saúde, mas também com o futuro profissional e financeiro. Para milhares de brasileiros, a pergunta “o que é considerado cardiopatia grave para o INSS?” é crucial, pois a resposta pode determinar o acesso a direitos previdenciários e assistenciais fundamentais.
Neste guia completo, como especialista didático e experiente no assunto, vou desmistificar os critérios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para a cardiopatia grave. Meu objetivo é oferecer um panorama claro e confiável, auxiliando você a entender seus direitos e a se preparar adequadamente para a solicitação de benefícios.
O Conceito de Cardiopatia Grave para o INSS
Diferente de um diagnóstico puramente médico, o INSS e a legislação brasileira não se baseiam apenas no nome da doença cardíaca (CID). O que realmente importa é a perda significativa e, muitas vezes, permanente da capacidade funcional do coração, a ponto de impedir o indivíduo de exercer sua profissão e até mesmo de realizar atividades básicas do dia a dia.
Uma cardiopatia é considerada grave quando, mesmo com tratamento médico, impõe limitações que acarretam risco à vida ou comprometem a capacidade laboral. Isso significa que a análise do INSS vai além do CID (Classificação Internacional de Doenças) e foca nas consequências funcionais da patologia.
Critérios para Caracterização da Cardiopatia Grave
Não existe uma lista exata de doenças que automaticamente garantem o benefício, mas sim a avaliação do impacto da doença na vida do segurado. Alguns fatores levados em consideração são:
- Limitações severas para realizar atividades do dia a dia e profissionais.
- Alterações estruturais no coração que comprometem significativamente seu funcionamento.
- Sintomas debilitantes, como fadiga intensa, falta de ar (dispneia), inchaço (edema), palpitações, dor no peito e tontura/desmaios, que persistam mesmo com tratamento.
Principais Condições Cardíacas que Podem Ser Consideradas Graves
Embora a avaliação seja individual, diversas condições cardíacas são frequentemente enquadradas como cardiopatia grave devido ao seu potencial de incapacitação.
- Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) Grave (CID I50): O coração não consegue bombear sangue de forma eficiente, levando à falta de oxigênio em órgãos vitais e sintomas como falta de ar e fadiga extrema. É uma das principais causas de incapacidade.
- Cardiopatia Isquêmica Grave (CIDs I20 a I25): Causada pela obstrução das artérias coronárias, pode incluir angina instável refratária a tratamento e sequelas de infarto do miocárdio que comprometem grande parte do músculo cardíaco.
- Cardiomiopatias Graves (CID I42): Doenças do músculo cardíaco que alteram sua estrutura e função de forma significativa, como cardiomiopatia dilatada, hipertrófica ou restritiva.
- Doenças Valvares Graves (Valvulopatias - CIDs I34 a I38): Disfunções severas nas válvulas cardíacas que prejudicam o fluxo sanguíneo adequado e podem exigir intervenções cirúrgicas.
- Arritmias Cardíacas Severas (CID I48): Batimentos cardíacos irregulares que comprometem a capacidade cardíaca ou representam risco de vida. A fibrilação atrial crônica é um exemplo.
- Hipertensão Pulmonar Grave: Pressão arterial elevada nas artérias dos pulmões que sobrecarrega o coração.
- Cardiopatias Congênitas em Estágio Avançado: Defeitos de formação no coração que se agravam com o tempo.
Benefícios do INSS para Quem Tem Cardiopatia Grave
Portadores de cardiopatia grave que resultem em incapacidade laboral podem ter acesso a diversos benefícios previdenciários e assistenciais.
Auxílio por Incapacidade Temporária (Antigo Auxílio-Doença)
Concedido ao segurado que está temporariamente incapacitado para o trabalho por mais de 15 dias. Em casos de cardiopatia grave, a carência de 12 meses de contribuição pode ser dispensada.
Aposentadoria por Incapacidade Permanente (Antiga Aposentadoria por Invalidez)
Destinada ao segurado que, devido à cardiopatia grave, é considerado permanentemente incapaz para qualquer atividade laboral e não pode ser reabilitado para outra profissão. A carência também pode ser dispensada.
Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS)
Para pessoas com deficiência (o que inclui cardiopatia grave que cause impedimentos de longo prazo) e idosos acima de 65 anos que comprovem baixa renda, independentemente de contribuições ao INSS.
Outros Direitos Importantes
- Isenção de Imposto de Renda: Aposentados, pensionistas e militares reformados com cardiopatia grave são isentos do Imposto de Renda sobre os proventos de aposentadoria/pensão. Este direito pode, inclusive, gerar restituição de valores pagos indevidamente nos últimos 5 anos.
- Saque de FGTS e PIS/PASEP: Em casos de cardiopatia grave, é possível solicitar o saque do saldo.
- Passe Livre (Transporte Público): Em muitos estados e municípios, portadores de cardiopatia grave têm direito à gratuidade no transporte público.
A Importância da Perícia Médica e da Documentação
A concessão de qualquer benefício pelo INSS depende crucialmente da perícia médica oficial. O médico perito avaliará o grau de incapacidade do segurado, considerando todos os documentos apresentados.
Para ter sucesso no pedido, a documentação médica deve ser impecável. Recomendo:
- Laudos e Relatórios Médicos Detalhados: Emita com seu cardiologista, descrevendo a doença, o CID, o estágio, os tratamentos realizados, as medicações e, principalmente, as limitações funcionais que a cardiopatia impõe às suas atividades diárias e laborais.
- Exames Complementares: Eletrocardiogramas, ecocardiogramas, cateterismos, angiotomografias, ressonâncias magnéticas, testes ergométricos, holter, etc., que comprovem a gravidade e o comprometimento cardíaco.
- Prontuários Médicos: Histórico de internações, cirurgias e acompanhamentos.
- Receitas de Medicamentos: Indicando o uso contínuo e a necessidade do tratamento.
Conclusão
Entender o que é considerado cardiopatia grave para o INSS é o primeiro passo para garantir seus direitos. Lembre-se que o foco não é apenas o diagnóstico, mas a incapacidade funcional e laboral que a doença provoca.
O processo pode ser burocrático e, por vezes, desafiador. Ter um acompanhamento médico de qualidade, com laudos e exames bem detalhados, é essencial. Além disso, buscar orientação jurídica especializada pode fazer toda a diferença, garantindo que você apresente seu caso da forma mais completa e persuasiva possível ao INSS. Seus direitos existem, e é fundamental lutar por eles.
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